segunda-feira, 26 de março de 2012

Dobragem Crítica: Rango PT-PT




Bem, eu já estou há que tempos para escolher um primeiro filme para criticar nesta secção...  Mas já que o Rango foi o vencedor do Óscar de Melhor Filme de Animação deste ano, porque não começar por aí?

ATENÇÃO:  SPOILERS



RANGO conta a história de um camaleão doméstico que é forçado a vaguear pelo deserto depois de ter sido projectado para fora do carro de família em que viajava, eventualmente chegando à vila de Poeira.  Ao tentar impressionar os locais, ele inventa o personagem e o nome Rango – e é bem sucedido, ao ponto de se tornar xerife.  No entanto, a vila está a passar por dificuldades no fornecimento de água, e vai caber ao nosso protagonista descobrir o que de facto se passa.  



Pessoalmente, gostei bastante do filme – aliás, devo dizer que fazer esta crítica ajudou imenso, por estranho que isso pareça.   O filme é absolutamente lindo no que toca ao aspecto visual, e os personagens, com algumas excepções, são únicos e memoráveis.  A história é um tributo aos westerns clássicos, com uma boa dose de “descoberta de si mesmo” à mistura.  E devo dizer que funciona bastante bem, embora tenha as minhas reservas no que toca a alguns aspectos ou partes dela.  Por exemplo, não consigo levar a sério a Deus Ex Machina dos cactos no fim do filme, e digamos que acho que  a primeira cena do Rattlesnake Jake (Cascavel Jake, em português) podia ter sido mais bem pensada.  Muito mais bem pensada. 

O Jake deve ser vidente nos tempos livres, porque o Rango falou disto uma vez,
ao resto do destacamento e a mais ninguém.  What.
Mas adiante, se estivesse a falar dos problemas que tenho com o filme, estava aqui o dia inteiro.
Ao fim e ao cabo, é um filme bastante divertido e belissimamente construído, e percebo perfeitamente porque ganhou o Óscar.  ...Para não falar de que é refrescante ver um filme animado que não foi feito a pensar maioritariamente na audiência infantil, mas que ao mesmo tempo consegue não se perder dentro da sua própria presunção artística, por assim dizer – e ainda render(!).



A dobragem do Rango foi feita nos estúdios da On-Air e dirigida, como quase todas as dobragens do estúdio, pela actriz Cláudia Cadima, portanto o standard de qualidade é bastante alto.  ...No entanto, tem demasiadas falhas para que eu a possa recomendar acima da versão original.  Não me interpretem mal, tem de facto pontos fortes, mas o que faz bem não chega para contra-balançar aquilo que está mais fraco.

A primeira coisa que eu notei foi que a dobragem não deve muito à subtileza.  Há uma propensão para o exagero esporádico de algumas falas sem razão aparente, o que eu acho que pode ter algo a ver com quão distintas as vozes da versão original são – exactamente um dos aspectos que as nossas dobragens costumam “melhorar”, por assim dizer.  Regra geral, quanto mais distintas são as vozes dos personagens no original, mais são as hipóteses que a nossa versão vacile, normalmente por via de reinterpretações que podiam resultar melhor (Looney Tunes, alguém?). 


Verdade seja dita, por vezes a subtileza (ou a falta dela) deve-se ao texto – e embora aqui não seja sempre esse o caso, parece que houve uma preocupação marcada em mudá-lo de propósito, de maneira a que ficasse diferente do original.  Geralmente, isto não é má ideia, porque é uma prova de que o texto foi adaptado para se ajustar melhor à língua de destino.  No entanto, se não houver o cuidado prévio de testar e re-testar uma adaptação, é muito fácil resultar em mudanças supérfluas (“Complicante”? A sério? O quê, “complicada” não cabia nos batimentos?), ou falas ditas à pressa por não haver espaço (ou batimentos) para elas – o que acontece quase regularmente.

Porque 5 sílabas cabem no espaço de 2.
Também houve o esforço de apimentar o espectro sonoro com diversos sotaques relativos ao nosso país, especificamente à área que temos mais parecida com o deserto Mojave (ou qualquer deserto, diga-se), o Alentejo e fronteira de Espanha.
Isto acaba por ser uma faca de dois gumes, já que é uma das razões que mais frequentemente vejo citada por quem rejeita a dobragem.  Por outro lado, e na minha opinião, é uma decisão nada estranha e até adequada, dado que parte do filme deve à ambiência que consegue criar.  ...Pensando nisso, quer-me parecer que não são os sotaques por si só que alienam o público, mas o modo como estão aplicados, referindo outra vez a facilidade com que se cai no exagero. 




Esta dobragem é também um caso invulgar, na medida em que para além das personagens ditas principais, tem 26 actores secundários, um número gigantesco para uma dobragem portuguesa.
Não vou falar de todas, já que são muitas, e na sua maioria, os castings estão bem feitos, sem grandes reparos.  Uma falha ou outra, maioritariamente na representação, mas nada digno de nota.
Além disso, os créditos dos actores secundários não especificam quem dá voz a quem (olha que novidade), e eu não consigo detectar a grande maioria.  Portanto, em vez disso, vou focar-me naqueles que acho que mereçam menções especiais.


E, infelizmente, isso traz-nos a uma das coisas que estão mais fracas na dobragem:  o personagem principal.


O casting do Manuel Marques como o epónimo do filme, à primeira vista, parece uma escolha perfeita.  A voz acaba por ficar bem, já que a personagem do Rango é bastante “aparvalhada”, uma coisa em que o Manuel Marques é especialista na sua representação.  E, verdade seja dita, nas cenas em que o Rango está mais vulnerável, ele não se sai nada mal.  ...No entanto, à medida que o filme avança, torna-se cada vez mais claro que esta escolha tem sérios problemas. 

Iiiiiiiiiiiiiiiiiihhhhh
Não consigo deixar de pensar que este casting foi feito a pensar na capacidade do actor de se desdobrar em personagens completamente diferentes.  Olhando para o personagem, é um juízo perfeitamente compreensível, mas tem uma lacuna:  os personagens em que o Manuel Marques se desdobra normalmente são paródias a pessoas que existem.  Ênfase na palavra “paródias”.
Ora, a performance dele tem dois problemas cruciais:  1. O actor original era o Johnny Depp, e convenhamos que emular ou ultrapassar qualquer performance dele é difícil, MAS o factor principal é 2. O facto de que o Manuel Marques não leva o personagem a sério, ou se leva, não transparece na performance. 


Devo citar o comentário dos produtores:  a ideia por trás da personagem é que o ego dele é tão fraco que ele se agarra constantemente a personas que ele próprio cria, e a história do filme é precisamente a crónica de como ele lentamente acaba por encarnar e se tornar efectivamente no Xerife Rango.
O que acontece é que parece que na versão portuguesa, o centro da performance foi o soar engraçado, em vez de minimamente credível.  De cada vez que a persona, Rango, entra em cena, há 65% por cento de hipóteses que a performance desvaire para o cómico, seja isso conveniente à história ou não.  Também acontece com o camaleão, mas no Rango é mais óbvio, dado que o Manuel Marques já está a jogar contra o tipo dele, e portanto não soa “natural” o suficiente.  Tudo isto faz parecer que o personagem está constantemente a representar, do princípio até ao fim, o que quer dizer que a evolução pela qual ele passa não é tão clara como deveria. 
Noutro filme, isto poderia não ser tão grave, mas neste é um entrave enorme, por razões que vou elaborar mais à frente.



E, falando de soar pouco natural, porque não falar da Beans, ou Feijoca, interpretada pela Filomena Cautela.  Admito que não conheço o trabalho dela, mas posso dizer que de todas as versões que o DVD português traz (Inglês, Português, Grego e Árabe), a nossa Beans é a de que eu menos gosto.  A voz é demasiado grosseira para a personagem, e o sotaque soa falso, como se ela estivesse mais preocupada em manter o sotaque do que em representar. 
O problema ao interpretar personagens com sotaque, se ele não nos é nativo, é que aumentam as probabilidades de soar forçado de maneira a que a performance sofra, o que é exactamente o que acontece aqui – lá está aquilo de que falei mais cedo.  Na verdade, isto acontece com mais personagens, inclusive o Rango, mas a Beans parece-me o caso mais flagrante.



Meu caro, mas é claro que não sou o vilão.  Porque pergunta?
No entanto, é de destacar a performance impecável do João Lagarto como Presidente da vila de Poeira.  Ele faz a cena do “eu sou o vilão mas ninguém sabe disso (embora seja óbvio) e se não estivesses contra mim até podia ser simpático” tão bem.  A quantidade de noções que passam na voz dele é incrível, e é provavelmente o que a dobragem tem de melhor.  ...Embora o papel dele não seja tão importante como poderia ser, no grande esquema das coisas, infelizmente – o problema da vila de Poeira serve como pano de fundo e é o fio condutor da história, mas esta não deixa de ser mais sobre o Rango e a viagem dele.



...Zé Maria?
O Cascavel Jake...  Devo dizer, foi um bocado desapontante.  Quando vi o nome do Fernando Gomes nos créditos, disse para mim mesma “Meu, isto vai ser bom”.  Quer dizer, o tipo até se parece com ele! ...Sem ofensa.  A interpretação está boa, só não...  Tão boa como eu estava à espera.  Muito suave e com pouco peso.  Não sei, acho que quando li “Fernando Gomes” devo ter pensado “Carlos Paulo”, mas mesmo assim não havia garantias de nada. 





E o Rui Unas como Espírito do Oeste? ...A sério?  Quando se fala em “Clint Eastwood português” é ele que vos vem à cabeça?  Nada contra o actor (hei, eu gostei dele como o Donatello), mas...  Sem brincadeiras, ele soa praí 15 ou 20 anos mais novo que o personagem.  ...O que não é bom.  É o Clint Eastwood, caramba!



Bem, ao menos de entre as várias vozes secundárias temos, por exemplo, o Fernando Ferrão como Wounded Bird, que FINALMENTE aparece numa dobragem – a sério, com uma voz daquelas e só agora é que o chamam?  Pfft, vergonha.  Há falta de vozes graves, meus, aproveitem as que existem! ...Não, a sério.  Aproveitem-nas!!


Depois de pensar um bocado, o maior problema desta dobragem torna-se aparente:  a falta de foco.   Houve muita atenção dispendida numa quantidade de detalhes que quando somados, não são suficientes para contra-balançar o facto de que o nosso personagem principal não reflecte as mudanças por que passou ao longo do filme. 
...O que é uma falha enorme, já que a história – que segue o arquétipo d'A Viagem do Herói, já agora – é claramente centrada nele.  Se o protagonista não soa convincente num filme quase exclusivamente dedicado a ele, tudo à volta fica a parecer falso e torna difícil a conexão com a audiência.  Talvez noutro filme esses detalhes lhe tivessem acrescentado bastante ao ambiente, mas aqui estão desproporcionados em favor daquilo que deveria ter sido o foco principal.



O meu veredicto final:
Embora a dobragem do Rango tenha os seus momentos, acaba por falhar, muitas vezes simplesmente por ser do filme que é.  A falta de foco no protagonista é o que a aflige mais, mas a falta de subtileza da representação, e o ênfase no tentar tornar tudo mais cómico parecem tentativas equivocadas de tornar o filme mais apelativo a uma audiência infantil, e que a longo prazo comprometem a qualidade do produto final.  Isto, somado a outros factores, acaba por tornar o filme difícil de digerir para uma audiência mais geral.  ...O que é uma desilusão, já que teria sido uma oportunidade excelente de experimentar um estilo mais natural, a condizer com o visual do filme.

Tenho muita pena ao dizer que ao fim e ao cabo, a dobragem do Rango não é uma que eu recomende particularmente.  A não ser que sejam aficionados das dobragens, ou que tenham curiosidade em saber como a nossa está, fiquem-se pelo Johnny Depp, que ficam muito bem acompanhados...  Ou vejam a dobragem grega, que está realmente formidável.

E desde já peço desculpa por começar estas críticas com o pé esquerdo.  Quer dizer, um blog dedicado a divulgar as dobragens portuguesas, e não recomendo logo a primeira que critico?  Para a próxima tenho de arranjar uma boa para compensar.  Hmm... 

ARC, over and out. 




FICHA TÉCNICA:  RANGO

Estúdio:  On Air
Tradução:  Cláudia Cadima
Adaptação:  Cláudia Cadima
Direcção:  Cláudia Cadima


Señor Flan:  Fernando Luís
Rango:  Manuel Marques
Roadkill:  Paulo B
Beans:  Filomena Cautela
Priscilla:  Catarina Sales
Doc:  Carlos Vieira de Almeida
Presidente:  João Lagarto
Rattlesnake Jake:  Fernando Gomes
Espírito do Oeste:  Rui Unas

Vozes adicionais: 
Adriano Luz,  Alexandro Lugo,  António Machado,  Antonio Ortíz,  Carlos Araújo,   Carlos Santos,  Cláudia Cadima,  David Bento,  Fernando Ferrão (Wounded Bird),  Bruno Ferreira,  Gonçalo Ferreira,  Habib Gedeón,  Isabel Ribas,  João Maria Pinto,  Joaquim Nicolau,  Jorge Mourato,  José Nobre (Elgin),  José Jorge Duarte,  Luís Mascarenhas (Buford),   Manuel Coelho,  Maria Henrique,  Martinho Silva,  Octávio Matos (Sr. Merrimac),  Paula Fonseca,  Renato Quaresma,  Vasco Lourenço 

sexta-feira, 2 de março de 2012

Tradução: O Nascimento de Mewtwo - Capítulo 5 (Mewtwo Contra-ataca)



GiovanniPocket Monsters, a Rádio Novela: O Nascimento de Mewtwo, Episódio nº 5.

Mewtwo: (Som de ondas) Giovanni, quantas espécies de Pokémon existem neste mundo?

Giovanni: Mais de 150, seguramente.

Mewtwo: Mostrar-vos-ei a minha força!

Giovanni: O poder da arma derradeira do Team Rocket, Mewtwo, era incrível.
--Mewtwo, vou tirar-te as correntes, e a armadura! Mostra-lhes [aos Pokémon] os teus poderes! Poderes psíquicos! Incapacita-os! Estrela Cadente! Psicocinese! (Todos os oponentes Pokémon são derrotados)

Mewtwo: Apanhei-os.

Giovanni: Poké-bolas! (Ouvem-se membros do Team Rocket a atirar Poké-bolas aos Pokémon e a capturá-los)

Mewtwo: Apanhei-os!

Giovanni: (Para si mesmo) Os poderes do Mewtwo são espantosos. Qualquer técnica que usasse era incrivelmente forte. Devo conseguir dominar o mundo só com este. (Acaba o som de ondas)

Treinador: O meu Pokémon não vai perder! Vai, Magmar! (O Magmar sai da Poké-bola) Lança-chamas! (O Magmar ataca o Mewtwo com fogo) Conseguiste!

Giovanni: (Ri-se) O quê, achas que consegues vencê-lo só com isso? Mewtwo! Recupera! (O Mewtwo regenera-se)

Treinador: O quê?

Giovanni: O Mewtwo é invencível. Hiper-raio! (Dispara contra o Magmar)
(Ri-se) –Poké-bola! (Usa uma Poké-bola para capturar o Magmar)

Treinador: Espera! Vais levar o meu Pokémon?!

Giovanni: Eu venci.

Treinador: Isso é contra as regras!

Giovanni: Lembra-te disto... Acusar-nos de “quebrar as regras” é um elogio para o Team Rocket.

Treinador: Espera! Por favor!

Giovanni: Livra-te deste treinador. Estrela Cadente! (O Mewtwo ataca o treinador)

Treinador: Wah! Estás a atacar um humano?!

Giovanni: Para o Mewtwo, não há humanos ou Pokémon. Ele derrota os fracos, e persegue aqueles que interfiram. (Ataca as pessoas)

Humanos: AUGH! (Ouvem-se explosões no fundo)

Mewtwo: (Pensa para si mesmo) Eu estou vivo. Mas se alguém me perguntar se a minha vida é divertida... (Ri-se) Derrotar Pokémon fortes foi divertido. E atormentar os humanos também não foi mau, essas criaturas trapaceiras que se gabam da força que não têm... Mas agora, não há nenhum Pokémon mais forte que eu. Eu sou invencível. Este Team Rocket que me segue, e só pensa em fazer dinheiro... Sinto mais do que ódio por eles. Não merecem sequer que eu cuspa para cima deles. Não... Não é só o Team Rocket... Os humanos afinal são criaturas que só pensam em dinheiro e cobiça. Os humanos são lixo que não é nem digno de ser posto num caixote. Humanos, ouçam-me... O que rege o mundo é a força. Não o dinheiro... E vocês, Pokémon... Não as cópias, mas os Pokémon originais... O que é mais deplorável é que vocês, Pokémon, são seres ainda mais baixos que os humanos. Quando foram apanhados por um humano, vocês ouvem tudo o que ele vos diz, e abanam as vossas caudas. Como Pokémon, isso é algo que não posso perdoar. É claro que, se penso assim, talvez eu não tenha sido um Pokémon normal desde o momento em que nasci.

Miyamoto: (Sopra vento de tempestade na Cordilheira dos Andes, enquanto a Miyamoto respira, ofegante) Eu não estou à procura de um Pokémon qualquer. Aquilo que eu estou a procura é do Pokémon miragem. Huh? O Pokémon lendário Moltres? O Pokémon lendário Zapdos? Eu não sou a Miyamoto Zapdos... Sou a Miyamoto! Huh? O Pokémon lendário Articuno? Querem que eu carregue um frigorífico sozinha durante a viagem?! O que é isto? Dratini, Dragonair? Dragonite?! Não preciso que esses esquisitos apareçam! O Mew, esse é que devia aparecer! O Pokémon miragem Mew! És o único que me interessa, Mew da miragem! Eu sou toda Mew! A minha querida filha Jessie... Jessie... Mu”cha”shi... (trocadilho com o nome original, Musashi – ’mucha’ quer dizer irracional, ou impossível) Por favor compreendam a minha insensatezinha... (O vento sopra)

Giovanni: (Numa selva) Observa, Mewtwo. Nesta grande selva vivem milhões de Pokémon selvagens. Há muitos Pokémon vulgares aqui, mas também os há muito raros. Mas é muito maçante tentar encontrar todo e cada um deles. Portanto, quero que uses os teus poderes para os apanhar a todos de uma vez.

Mewtwo: Queres que eu lute com Pokémons vulgares?

Giovanni: Foi para isso que nasceste. Tu és o Pokémon mais forte do mundo. Se não lutares, não vales nada.

Mewtwo: O meu valor?

Giovanni: Agora, tira a tua armadura e correntes e demonstra o teu poder! (O Mewtwo tira a armadura) Mewtwo, poder psíquico! Incapacita-os! Estrela Cadente! Psicocinese! Mostra todos os teus poderes! (O Mewtwo ataca)

Giovanni: Tal como esperado, Mewtwo. Apanhaste Pokémon para um ano inteiro.

Mewtwo: O que estou a fazer? Para que estou a viver? Porque estou a lutar? (Tenta  libertar-se das correntes) --Raios, tirem-me esta armadura.

Giovanni: Mewtwo. Não posso fazer isso. É demasiado perigoso para os humanos se eu te deixar andar por aí.

Mewtwo: Estás a dizer-me para lutar por todos vocês? Lutar pelos humanos?

Giovanni: Tu és um Pokémon. Os Pokémons são seres vivos que servem para ser usados pelos humanos.

Mewtwo: Eu não sou um Pokémon qualquer.

Giovanni: É verdade. És um Pokémon feito por humanos. Se não lutares pelos humanos, para que mais vales?

Mewtwo: O meu valor? Quem sou eu? Para que estou a viver? O mínimo que sei é que não é para os humanos!! (Liberta-se da armadura e correntes)

Giovanni: (Chocado) Ah! As correntes! A armadura! Vais virar-te contra mim?!

Mewtwo: Fui criado por humanos, mas não sou humano. E como sou um Pokémon criado, não sou sequer um Pokémon! (Destrói o quartel-general do Team Rocket com uma explosão)

Giovanni: (Para si mesmo) Aconteceu aquilo que eu receava. O quartel-general do Team Rocket foi destruído num segundo. (Amargo) Em breve, mais ninguém poderá controlar o Mewtwo...

Mewtwo: (Pensa para si mesmo em New Island, enquanto se ouvem ondas do mar) Os meus poderes tornam-se mais fortes. Eu sou o mais forte do mundo. Não são os humanos que têm o direito a governar o mundo, sou eu! Quem sou eu? Que sítio é este? Não sinto que este mundo seja interessante, nem que não o seja... Também não sinto dor. E obviamente, nunca chorei. É verdade. Eu sou o Mewtwo. Vou continuar a viver como Mewtwo.

Mew: Mew, mew.

Mewtwo: Hm? Mew... Pois é... Também estás aí...

Mew: Mew!

Mewtwo: (Ouvem-se ondas a bater na costa) Eu sou o mais forte no mundo. Eu tenho o direito de governar este mundo. (As ondas param)

ELENCO: (Apelidos de cada actor em maiúsculas)
Mewtwo: Mewtwo. ICHIMURA Masachika 
Mew: Mew. YAMADERA Kouichi 
Miyamoto: Miyamoto. TOUMA Yumi 
Treinador: Treinador. HIGASHI Saori 
Giovanni: ...e Giovanni. SUZUOKI Hirotaka 
~trouxeram isto [rádio novela] até vós.

Miyamoto: (Na Cordilheira dos Andes) Eu sou a Miyamoto-chan. Não vou desistir. A filha que eu deixei já é quase uma bruxa. (’bruxa’ refere-se a uma mulher solteira com mais de 24 anos) Nem te lembras da minha cara... Pois não? Jessie? Não se perde nada quando se tem muito dinheiro. Mew! Onde estás?! Afinal, eu, Miyamoto-chan, vou perseguir o Pokémon fantasma por todo o lado, até ao fim dos tempos! Vou conseguir!

Giovanni: Desconhecemos o paradeiro da Miyamoto depois disto.


[Fim de O Nascimento de Mewtwo]

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(c) Nintendo
Texto original:  Takeshi Shudo
Versão inglesa:  Pocket Monsters Translation
Versão portuguesa:  ARC
Imagens:  Copy Cat

Tradução: O Nascimento de Mewtwo - Capítulo 4 (O Pokémon Mais Forte do Mundo)



GiovanniPocket Monsters, a Rádio Novela: O Nascimento de Mewtwo, Episódio Nº 4.


Amber: (Ouve-se som de pulsação) Tu vais viver. Tenho a certeza que viver vai ser divertido. (O sinal de pulsação acaba)

Computador: Os sinais vitais pararam.

Dr. Fuji: A Amber dissolveu-se no tubo de vidro. Foi uma vida em que ela não saiu dele.

Mewtwo: Amber, não param... As lágrimas... O que é que eu faço? Amber? Responde... Amber...

Dr. Fuji: Não importa. Enquanto tivermos a análise da Amber, podemos fazer quantas cópias quisermos. Eu não vou desistir.

Mewtwo: Fazer? Quantas quiserem? Isso não está certo. Só há uma Amber.

Dr. Fuji: Posso fazer várias cópias enquanto tiver a base.

Mewtwo: Só houve uma Amber que falou comigo.

Investigador: (O computador do laboratório faz ruídos) As ondas cerebrais do Mewtwo estão muito agitadas.

Dr. Fuji: Não é bom estimulá-lo agora. Dêem-lhe um tranquilizante. Ponham-no a dormir.

Investigador: Sim senhor. (O Mewtwo adormece) O tranquilizante foi injectado, as ondas cerebrais estão a acalmar. Ondas cerebrais normais. O Mewtwo está a dormir.

Dr. Fuji: Bom. Só temos a ponta do fóssil das pestanas do Mew. (Para o Investigador) Ouve, este não podemos recriar várias vezes, como a Amber. Tratem dele com cuidado.

Mewtwo: (Pensa para si mesmo) Estive a dormir durante muito tempo. A Amber e os Pokémon que foram feitos aqui... Desapareceu tudo para lá do meu sono. Mas... Eu estava a gritar. Uma vez, e outra... Eu gritava a mesma coisa. Que sítio é este? Quem sou eu? Quem me trouxe aqui?

Dr. Fuji: E chegou aquele dia...

Mewtwo: Onde estou? Quem sou eu? Quem me trouxe aqui? (Com voz adulta) Que sítio é este? Quem sou eu? Quem me trouxe aqui? (Parte o contentor de vidro onde está preso)

Dr. Fuji: O quê? (O poder do Mewtwo apanha o Dr. Fuji de surpresa)

Computador: Vibrações emocionais intensas. Fonte: Mewtwo. É o Mewtwo.

Dr. Fuji: O Mewtwo acordou... Completamente!

Investigador: A experiência é um sucesso!

Dr. Fuji: Mas... Isto é...

Investigador: Sim, é muito mais poderoso do que nós pensámos! (O Mewtwo parte o contentor de vidro por completo)

Dr. Fuji: (Narra) Poderes psíquicos, poderes de incapacitação, psicocinese... Há muitos Pokémon com estes poderes. Mas os poderes emitidos pelo Mewtwo estão muito para além daquilo que conhecemos.

Mewtwo: O que é este poder? O QUE SOU EU? (Ataca o laboratório)

Investigador: Não pode ser... O Mewtwo está a desenvolver-se rapidamente!

Computador: (Ouve-se o alarme) Perigo! Começar sistema de segurança automático. Atacar Mewtwo.

Dr. Fuji: Não!

Computador: (Dispara e mata o Mewtwo. O pulso vital acaba) As respostas de vida do Mewtwo diminuíram.

Dr. Fuji: O que é que fizeste?!

Investigador: Espere um pouco! O Mewtwo está...

Dr. Fuji: O quê?

Computador: As respostas de vida do Mewtwo voltaram. O Mewtwo está a regenerar-se.

Dr. Fuji: Regeneração? Fantástico!

Mewtwo: Quem é que me atacou?! Quem é que tentou eliminar?!

Computador: Perigo. Começar sistema de segurança automático. Eliminar Mewtwo.

Mewtwo: Tu?!

Computador: Atacar.

Mewtwo: Não te vou deixar! (Ataca o computador do laboratório)

Computador: (Avariado) In... capaz de... sis... tema de seguran... não conseg... funcionar... (O computador explode)

Dr. Fuji: Fantástico, Mewtwo! Mal posso acreditar nesses poderes.

Mewtwo: Mewtwo... Mewtwo?

Dr. Fuji: És tu. Nós criámos-te a partir daquele que se diz ser o Pokémon mais raro na Terra.

Mewtwo: Mewtwo... Sou o segundo Mew.

Mew: Mew.

Mewtwo: Mas, Mew... O que é Mew?

Mew: Mew... mew... meeew...

Dr. Fuji: (Narra) Apontei para o retrato de Mew na parede. (Fala para o Mewtwo) Aquele é o Mew. O Pokémon mais raro da Terra.

Mewtwo: Mew... É algum parente meu? O meu pai? A minha mãe?

Dr. Fuji: Podes chamar-lhe isso, mas não me parece. Foste criado com base num fóssil de uma pestana dele.

Mewtwo: Quem? Se não é o meu pai, ou mãe, então tem de ser Deus! Estás a dizer que fui criado por Deus?

Dr. Fuji: Os únicos que podem criar vida neste mundo são Deus e os humanos. Mas...

Mewtwo: Mas?

Dr. Fuji: Os humanos devem ser os únicos que conseguem criar vida em tubos de teste.

Mewtwo: Vocês todos? Vocês, humanos... Fizeram-me a mim... Um Pokémon...? Eu? Quem sou eu? Que sítio é este? Porque é que nasci?! (Ataca o laboratório)

Dr. Fuji: Criar o Pokémon mais forte do planeta... era esse o nosso sonho.

Mewtwo: Nesse caso, mostrar-vos-ei se o vosso sonho se tornou realidade ou não. ESTA É A MINHA FORÇA! (Os poderes do Mewtwo explodem com o laboratório de New Island)

Dr. Fuji: (Narra) Os poderes do Mewtwo eram mais fortes do que alguém alguma vez teria imaginado. O laboratório inteiro foi destruído.

Mewtwo: (Sons de ondas a bater) Esta é a minha força. Eu sou forte.

Mew: Mew?

Mewtwo: Hm? Onde estás, Mew? Será que sou o mais forte neste mundo, Mew? Será que sou ainda mais forte que tu?

Mew: Mew... mew... mew...

Mewtwo: Mew... Onde vais? Estás a dizer que nem sequer falas com uma cópia como eu? Mew, mostra-te perante mim. Mostra-me quem é mais forte!

Giovanni: (Aparece perto do Mewtwo) É verdade que podes ser o Pokémon mais raro e poderoso do mundo. Se conseguires provar isso, de certeza que o Mew verdadeiro também não te largará.

Mewtwo: Estás a dizer que se assim for, Mew poderá aparecer?

Giovanni: Talvez. Mas mesmo se és o Pokémon mais forte, há criaturas que o são ainda mais.

Mewtwo: Além dos Pokémon?

Giovanni: Humanos fortes como eu. Eu sou o líder do Team Rocket, Giovanni. Sou um humano poderoso, a planear dominar este mundo.

Mewtwo: Humanos, poderosos? Tu, poderoso?

Giovanni: Os humanos criaram-te. Os humanos têm o conhecimento e o poder para criar o Pokémon mais forte.

Mewtwo: Conhecimento e poder?

Giovanni: Se os humanos e tu unirem forças, o mundo será nosso!

Mewtwo: O mundo será nosso...

Giovanni: Mas... Se deixarmos os teus poderes como estão, o mundo não resistirá. Terás de controlar os teus poderes.

Mewtwo: Controlar?

Giovanni: Não te importas de incinerar o mundo, tal como fizeste com este laboratório?

Mewtwo: O que devo fazer? (O Mewtwo é suprimido com armadura e correntes)

Mewtwo: Isto é...

Giovanni: Vamos suprimir os teus poderes com estas correntes e armadura. (Mais afixação de armadura e correntes) Quando for preciso, removeremos esta armadura e libertaremos o teu poder.

Mewtwo: O que estás a tentar que eu faça?

Giovanni: Isso é fácil. Limitamo-nos a continuar o que temos feito neste planeta durante muitos, muitos anos.

Mewtwo: O que é?

Giovanni: Lutar, destruir, pilhar... Os fortes vencem. Começaremos por apanhar Pokémon. Assim também conheceremos a tua força real.

Mewtwo: Apanhar Pokémon?

Giovanni: Não cópias, mas verdadeiros.

Mewtwo: E depois quero derrotar o Mew verdadeiro.

Giovanni: Tu serás uma existência que ultrapassará até Mew. Então, serás o Pokémon mais forte do mundo.

Mewtwo: O mais forte do mundo! (Pensa para si mesmo) As criaturas vivas não derramam lágrimas. Se o fazem, são lágrimas de dor. Eu não chorarei nem lágrimas de tristeza ou dor. Se, de facto, sou o mais forte do mundo... Não tenho tristeza nem dor! (Fala para o Giovanni) Tu... Giovanni, certo?

Giovanni: Correcto. Eu sou Giovanni. Um humano, apto a governar este mundo.

Mewtwo: Quantas espécies de Pokémon existem neste mundo?

Giovanni: Mais de 150, seguramente.

Mewtwo: Mostrar-vos-ei a minha força!

Miyamoto: (Sopra vento de tempestade na Cordilheira dos Andes) Mew... Mew!... Onde estás? Afinal, sou a Miyamoto-chan. Não vou desistir. Deve estar na altura da minha filha que está longe se casar... Quero que vista um vestido de noiva bonito. Mew! Aparece! Sou eu, a Miyamoto-chan. (O vento sopra outra vez)

ELENCO: (Apelidos de cada actor em maiúsculas)
Mewtwo: Mewtwo. ICHIMURA Masachika 
Dr. Fuji: Dr. Fuji. AKIMOTO Yousuke 
Mew: Mew. YAMADERA Kouichi 
Mewtwo jovem: Mewtwo jovem. TAKIMOTO Fujiko 
Amber: Amber. HIKAMI Kyouko 
Miyamoto: Miyamoto. TOUMA Yumi 
Investigador: Investigador. KONISHI Katsuyuki 
Giovanni: ...e Giovanni. SUZUOKI Hirotaka 
~trouxeram isto [a rádio-novela] até vós.

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(c) Nintendo
Texto original:  Takeshi Shudo
Versão inglesa:  Pocket Monsters Translation
Versão portuguesa:  ARC
Imagens:  Copy Cat